Ócio produtivo/criativo - tu sabes o que é isso?
Por Laís Garcia*
O sociólogo italiano Domenico de Masi é quem nos traz esse tão importante conceito.
Segundo ele, existe um ócio alienante, que nos faz sentir vazios e inúteis, mas existe também outro ócio, que nos faz sentir livres e que é necessário à produção de ideias, assim como as ideias são necessárias ao desenvolvimento da sociedade.
Soa até contraditório falar em ócio produtivo numa sociedade capitalista que gira em função do lucro pela produtividade, não é mesmo?
Mas é aí que está a importância de nos colocarmos, pensarmos e agirmos mais em direção a isso.
Essa lógica de produzir o tempo todo adoece. Ela maltrata e, muitas vezes, nos faz inverter nossos valores, tudo em prol de um retorno financeiro e de uma posição utópica de destaque e perfeição nesse meio em que vivemos. Utópica porque é, a priori, inatingível -- assim como os padrões de beleza também impostos pela nossa sociedade e que, se pararmos pra pensar, também têm tudo a ver com o lucro e o enriquecimento (de quem já é rico, que são os donos das empresas para os quais tanto nos doamos ou de quem consumimos esses produtos e serviços).
Entramos numa roda, numa lógica de produzir, trabalhar, de romantizar a correria, não ter tempo para dormir, tomar remédio para acordar, outro para ter sono à noite, outro para dores de cabeça, relaxante muscular em função de toda a tensão, antidepressivos para dar conta de tudo, enfim. Não escutamos mais o nosso próprio corpo, o que as nossas emoções e esse esgotamento querem nos comunicar. Tratamos os sintomas mascarando as suas causas. Mas uma hora a conta chega, não é?
Parar um pouco, se permitir ter momentos desse ócio, respeitar os próprios limites e escutar o que o teu sentir tem a te dizer é o maior ato de revolução tendo em vista todo esse cenário.
Claro que seguiremos imersos nessa sociedade, [por enquanto] não há muito como escapar. Vamos continuar tendo que trabalhar para ganhar nosso dinheiro, e está tudo bem fazer procedimentos estéticos de forma consciente. Não é um 8 ou 80. Mas que tal buscarmos um pouquinho mais de equilíbrio no meio disso tudo? Te permite ter um tempo só para ti, mesmo que, para isso, seja preciso abrir mão de alguns afazeres. A gente não precisa nem pode dar conta de tudo o tempo todo. Apesar de a sociedade impor que trabalhemos incessantemente como máquinas, nós somos humanos. E que bom!
Faz sentido para ti? Que tal mandar para alguém que precisa parar, respirar e se priorizar um pouquinho mais?
*Laís de Mattos Garcia (foto) é Psicóloga - @psicologalaisgarcia