Coluna Crítica & Autocrítica - nº 186
Por Júlio Garcia**
*Panelaços contra o des-governo Bolsonaro - Na noite desta última quarta-feira, 18/03, “um grande panelaço foi ouvido em diferentes cidades do país, com gritos de ‘fora Bolsonaro’, apitos e buzinas, onde os cidadãos (nas janelas dos apartamentos e nos pátios de suas casas) demonstraram sua inconformidade com os atuais governantes. Segundo divulgado por setores da mídia – com maior destaque nas redes sociais, sites e blogues alternativos “a mobilização, apesar de puxada por movimentos, ganhou com a espontaneidade a adesão de cidadãos em centenas de cidades. A propósito, foi mais um dia de participação infeliz do presidente [a entrevista coletiva dada por ele e alguns de seus ministros na tarde de quarta] em torno da crise causada pelo novo coronavírus, num país em quarentena em razão da pandemia. Tudo vindo a agravar um cenário de desemprego, retirada de direitos, cortes em investimentos e serviços públicos. Bolsonaro é um dos poucos “chefes de Estado” de países relevantes no cenário mundial a desprezar a crise do coronavírus e a retardar medidas descontentamento com o presidente de extrema-direita foi o descaso dele com a doença”.
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*Os Atos em defesa da democracia, da Educação, da Saúde e dos serviços públicos estavam marcados para a noite de quarta-feira (18), mas foram cancelados por conta da pandemia de Covid-19. Os Atos haviam sido convocados nacionalmente pela Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, CUT, UNE e por um conjunto de movimentos sociais “que não deixaram a mobilização de lado, apesar da responsabilidade diante do avanço do novo coronavírus. A agitação nas redes, greves de setores da educação e da saúde e o panelaço da noite compuseram o dia de protestos. Imagens e sons de panelaço circularam por grupos de WhatsApp e outras redes, com gritos de “fora Bolsonaro”. (...)
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*Como se não bastasse o primarismo com que o governo federal tem tratado a pandemia do coronavírus (talvez com exceção do Ministro da Saúde, ao que parece, um dos poucos lúcidos nesse agrupamento de malucos e incompetentes que cercam Bolsonaro, incluindo o próprio), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teve que pedir desculpas à China e ao embaixador do país no Brasil, Yang Wanming, pelo que chamou de "palavras irrefletidas" do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Segundo informou o jornal Correio do Povo “O filho do presidente Jair Bolsonaro escreveu no Twitter, na quarta-feira que a "culpa" pela pandemia do novo coronavírus "é da China" e que o regime liderado por Xi Jinping é uma "ditadura", após comparar o desastre de Chernobyl, ocorrido na então União Soviética, com a atual crise. –Pasmem! O “03” foi comprar briga logo com a China, o principal parceiro comercial do Brasil, atualmente!!
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*Pois a ‘terceira lei de Newton’ afirma que “a toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto”: O embaixador chinês no Brasil, Wanming Yang (ainda segundo o Correio do Povo) disse que as palavras de Eduardo Bolsonaro "vão ferir a relação amistosa" com o Brasil e que o deputado "precisa assumir todas as suas consequências". Já a conta da representação diplomática afirmou que, "ao voltar de Miami, (Eduardo Bolsonaro) contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos". "A atitude não condiz com a importância da parceria estratégica Brasil-China e com os ritos da diplomacia", escreveu Rodrigo Maia no Twitter.
-Sem mais comentários. Realmente, seria cômico – se não fosse trágico…
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 13/03/2020.