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Coluna Crítica & Autocrítica - nº 182



Por Júlio Garcia*


*Sobre o “Aliança pelo Brasil” - O que se propõe a ser, mesmo, o dito ‘novo partido’ que está sendo articulado por Bolsonaro e seus apoiadores - inclusive aqui em Santiago e Região, onde seus articuladores vêm desenvolvendo uma ostensiva - e, segundo tudo indica, cara - campanha de filiações ... com carros de som, anúncios em rádios etc. (Alô, Justiça Eleitoral e MP! ... onde é que andam, mesmo?!). Pois, como é sabido, Bolsonaro e os seus ‘mais chegados’ (alguns deputados e senadores inclusos) abandonaram o PSL (legenda de aluguel, já descartada) e buscam agora, a ‘toque de caixa’, reunir as assinaturas necessárias para legalizar a legenda, tendo em vista inclusive as eleições deste ano.


*Muita gente no país – e aqui não é diferente – pode estar se filiando ‘no escuro’ (aliás, da mesma forma como votou uma boa parte de seus eleitores nas eleições passadas, hoje ‘arrependidos’). Mas, então, a pergunta que não pode calar: Qual é mesmo o programa do ‘Aliança’, a quem representa ...e a que se propõe esse novo partido de Bolsonaro e cia (o 10º do ex-tenente)? Pois o conceituado jornalista Luiz Carlos Azenha (Editor do site Viomundo) destrincha - e explica, ‘com todas as letras’. Leiam a seguir e tirem suas conclusões:


“É um projeto de longo prazo, assentado sobre o Boi, a Bala e a Bíblia. Que agrupa industriais interessados na servidão máxima da mão de obra e no estado mínimo: zero imposto, zero direitos sociais.


Que precisa avançar sobre as terras indígenas em associação com o capital internacional: mineração máxima, ambientalismo mínimo. Que não cede um milímetro de terra aos indígenas, nem aos quilombolas.


Que precisa da Bíblia não como um instrumento libertador, mas de imposição do conformismo e do resgate da hierarquia.


Que mobiliza as forças da reação contra os que deram o cartão do Bolsa Família e o registro de propriedade do Minha Casa, Minha Vida às mulheres.


A meta cenográfica é um Brasil idealizado, pacificado, da ditadura militar, quando supostamente não havia crime, nem corrupção, e as mulheres, os negros e os gays sabiam seus lugares na hierarquia social.


Um Brasil de homens brancos, cristãos, cidadãos de bem, de família. Os mesmos que fizeram a Marcha com Deus pela Família e derrubaram o governo constitucional de João Goulart em 1964 e a presidenta Dilma Rousseff em 2016, num golpe misógino e corrupto, encabeçado pelo “impoluto evangélico” Eduardo Cunha, “que Deus tenha piedade desta Nação”.


O País que tolerou o voto do deputado federal Jair Bolsonaro em homenagem ao torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra agora se vê às voltas com a expressão pública da simbologia nazista. Não, não foi casual. É o reerguimento da extrema direita brasileira sobre os cacos do integralismo e do Partido Nazista que existiu entre nós. Uma Aliança pelo Brasil que surge em associação com o liberalismo, para extinguir o tradicional pêndulo UDN-PSD-PTB.


Caminhamos, assim, para a tradicional direita brasileira ocupar o papel de centro político, governando em associação com a extrema-direita. Um novo paradigma, necessário para que a elite escravista, africâner, consiga reproduzir seu capital num quadro de escassez mundial.


Uma elite submissa aos interesses de Estados Unidos e China pelo que nos restou entregar: produtos do solo e subsolo (minério de ferro de Carajás, petróleo do pré-sal), mercadorias agrícolas (soja para alimentar os porcos da China) e proteína animal (carne e frango para alimentar humanos).


Um modelo ambientalmente inviável, uma bomba relógio que será paga pelas próximas gerações na forma de rios e praias poluídas, florestas destruídas, reservatórios de água contaminados e destruição da flora e da fauna.


Esta é a Aliança pelo Brasil que une Skaf a Bolsonaro.”

...

**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 31/01/2020.

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