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Coluna Crítica & Autocrítica - nº 175


Semana passada, mais de 1 milhão de chilenos foram às ruas de Santiago protestar contra o neoliberalismo e a desigualdade. Mas os protestos não ficaram aí, continuam ocorrendo diariamente. (foto via face)


Por Júlio Garcia**


*Dando sequência à série de avaliações sobre a conturbada conjuntura política, social e econômica vivenciada em nosso país [que seguidamente estamos fazendo neste importante semanário], trazemos hoje, para conhecimento e reflexão dos nossos prezados leitores, os principais tópicos deste interessante artigo do veterano [e respeitado] jornalista Ricardo Kotscho (Editor do Blog Balaio do Kotscho). O título: ‘Qual é a estratégia? O que o País pode fazer para sair desse buraco?’ -Leiam e tirem suas conclusões:


“Está todo mundo tentando descobrir qual é a estratégia do Bolsonaro, mas provavelmente ele nem sabe o que é isso.


Segundo o Dicionário Online de Português, é um substantivo feminino sobre “meios desenvolvidos para conseguir alguma coisa” ou “forma ardilosa que se utiliza quando se quer obter alguma coisa”. Pode ser também “arte militar de planificações de guerra”, algo em que nosso capitão-presidente talvez seja especialista, nunca se sabe.


Outro dia, num quartel da Marinha, no Rio, ele falou em combater “inimigos internos e externos”, sem dizer quem são. Das reuniões familiares de domingo aos debates sobre altos estudos estratégicos na cúpula das Forças Armadas, só há uma certeza: do jeito que está não pode continuar, com o país se desintegrando a olhos vistos.


Eu mesmo não tenho a menor ideia do que pode ser feito para estancar a sangria a curto prazo.


Renúncia ou impeachment ainda não estão na pauta, mas de uma hora para outra pode entornar a gota d´água, como estamos vendo agora na rebelião popular no Chile, que colocou os militares novamente nas ruas, pela primeira vez desde a era Pinochet e já deixou uma dezena de mortos e centenas de presos e feridos.


No Chile, o estopim foi o aumento das passagens do metrô; no Equador, na semana anterior, foi a revolta contra os aumentos dos combustíveis que obrigou o presidente Lenin Moreno a se refugiar no interior do país. Em ambos os países, não havia sinais de que isso pudesse acontecer, e não havia nenhuma estratégia da oposição para colocar o bloco na rua. Aconteceu, simplesmente.


Foi do Chile, onde deu aulas nos tempos de Pinochet, que Paulo Guedes importou o projeto neoliberal de previdência, uma das causas da revolta popular. Para que o mesmo não se repita aqui, poderíamos pensar numa saída pacífica para o impasse, mas o capitão quer guerra contra tudo e contra todos, como já deixou bem claro.


A estratégia para uma solução sem mortos e feridos seria uma grande aliança da oposição democrática contra o bolsonarismo, o que não está no horizonte. (...)


Depois de ser eleito na onda da “nova política”, ele entrou em conflito com seu próprio partido de aluguel, o PSL, e agora procura aliados na “velha política” do MDB, DEM e PSD, como a Folha [de S.Paulo] relata hoje em reportagem de Talita Fernandes.

No governo e na oposição, estratégias eleitorais não faltam, mas o país continua se arrastando na depressão econômica e na balbúrdia política, sem que se veja a luz no fim do túnel. É nesse clima que pode explodir o imponderável, como aconteceu no Chile e no Equador, para ficarmos só na vizinhança.”

...


**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta, dirigente político (PT) e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 25/10/2019.

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