Empreendedora, cuide da sua saúde mental (Entrevista)
Por Gabriela Stahler, da Velvet Comunicação*
Setembro é o mês oficial da prevenção ao suicídio e a saúde mental vira pauta em muitos lugares e grupos sociais.
Uma das coisas que pode desencadear a depressão e o transtorno de ansiedade é o estresse causado pelo trabalho. Por isso, como nós da Velvet* trabalhamos direto com empreendedoras, viemos trazer algumas reflexões sobre o assunto.
Convidamos a psicóloga Laís Garcia (foto) para falar um pouco sobre saúde mental relacionada ao empreendedorismo. Confira:
Como as empreendedoras podem cuidar da saúde mental em meio ao dia a dia de trabalho?
Acredito que estabelecendo limites, não abrindo mão do lazer e vida social, trabalhando no exercício da não-procrastinação, tendo hábitos saudáveis e fazendo terapia.
Como não se cobrar tanto quando você trabalha sozinha?
Uma agenda, planner, buscar algo nesse sentido que funcione para si mesma pode ajudar. Com o auxílio desses dispositivos, é possível organizar melhor o tempo e controlar a ansiedade.
Quando colocamos no papel as tarefas que temos que fazer, muitas vezes percebemos que damos conta e que poderíamos estar catastrofizando ao achar que eram impossíveis de serem concluídas. Organizando melhor o tempo e usando desses limites, estabelecemos uma rotina mais tranquila e conseguimos regular nossa autocrítica, a fim de valorizarmos nossas conquistas e não nos cobrarmos excessivamente.
Como uma psicóloga pode ajudar as mulheres que têm seu próprio negócio?
Na abordagem que eu sigo, a terapia cognitivo-comportamental, partimos do princípio de que não é a situação em si que determina a forma como a gente se sente, mas sim como enxergamos aquilo que acontece com a gente.
A terapia pode ajudar a acertar essa visão, evitando distorções cognitivas – que são muito comuns no nosso dia a dia e as maiores causadoras da ansiedade. Interpretando o que acontece conosco de acordo com a realidade, lidamos com os problemas de uma maneira mais efetiva, tomamos melhores decisões e evitamos a sobrecarga física e mental que empreender pode causar.
Além disso, a partir do treino de habilidades sociais, é possível aprimorar a assertividade – habilidade importantíssima e super necessária de ser desenvolvida especialmente em mulheres num mercado de trabalho muitas vezes opressor e machista.
Por que você acha que a síndrome de Burnout está tão comum?
O esgotamento característico da síndrome de Burnout acaba sendo frequente no mundo em que vivemos principalmente em função do sistema capitalista ao qual estamos inseridos.
Este visa lucro acima de todas as coisas, ignorando o nosso bem estar em prol de uma produtividade exacerbada e muitas vezes inatingível, que faz com que pensemos nunca estarmos produzindo o suficiente – olhamos para nossas falhas com uma ênfase muito maior do que para as nossas conquistas, tornando-nos eternas devedoras de nós mesmas.
Como você faz para ter equilíbrio no seu dia a dia?
Organização, limites e terapia. Aceitando aquilo que não posso mudar, me comprometendo a mudar aquilo que é possível e valorizando as minhas pequenas vitórias cotidianas mais do que aquilo que, por “n” motivos, talvez não tenha conseguido fazer.
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*Fonte: https://velvetcomunicacao.com