Coluna Crítica & Autocrítica - nº 166
Por Júlio Garcia**
*Conforme já se esperava, o ex-juiz Moro (premiado por seu trabalho sujo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública por Bolsonaro, o maior beneficiado com a perseguição e prisão do ex-presidente Lula) foi evasivo, tergiversou, enrolou, fugiu do tema... e não respondeu às perguntas da maioria dos deputados federais em sua recente ida à Câmara dos Deputados para esclarecer minimamente o conteúdo de suas conversas com procuradores da vaza jato denunciadas pelo site The Intercept.
*Não poderia ser diferente. Moro faria qualquer coisa (inclusive mentir, como descaradamente fez - menos assumir os crimes que ele e seus amigos procuradores praticaram ao longo da malfada operação coordenada pelos EUA, como hoje é sabido).
*A propósito desse verdadeiro escândalo que enxovalhou não só a Justiça, mas também o resultado das eleições – viciadas – de 2016 (vide a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, aqui já abordada por este Colunista), acho importante socializar com os prezados leitores este artigo do jornalista e blogueiro Leandro Fortes (do site Brasil247), cujo título é ‘A bomba’ (com o qual tenho larga concordância):
“Iniciou-se um movimento, dentro das redes, que mistura, num mesmo balaio, jornalistas isentões, arrependidos de última hora e a esquerda namastê em torno dos vazamentos do The Intercept Brasil.
Cada grupo, dentro de narrativas próprias, tenta jogar para baixo o impacto e a importância do conteúdo das mensagens porque, segundo eles, a montanha tem parido ratos - para ficar na utilização de um termo, em latim macarrônico, usado pelo ex-juiz Sérgio Moro, em seu desespero dissimulado.
Essa avaliação, partindo do princípio de alguma honestidade intelectual, só pode ser explicada pela naturalização do absurdo, no Brasil, pela mídia necrosada, por parte da sociedade que a consome e por certa esquerda desejosa de apoiar a Lava Jato para conquistar nacos do eleitorado conservador.
Os arquivos do Intercept mostram, com clareza absoluta, que Moro conduzia o Ministério Público, sem nenhum pudor, para condenar o ex-presidente Lula - a quem, como juiz, deveria julgar com imparcialidade.
Bastaria isso, num único diálogo, num único vazamento, para anular TODA a Operação Lava Jato, tirar Lula da cadeia e iniciar um processo judicial contra Moro e essa figuras lamentáveis que se criaram nesse lodo do MP.
Mas os isentões, essa massa de caráter gelatinoso que apoiou o golpe contra Dilma e, agora, se diz abismada com as loucuras de Bolsonaro, acha que ainda é preciso uma bomba.
A esquerda namastê, entre uma ciranda e outra, vai na onda. Esperavam mais, os anjos.
Moro indica testemunhas para Deltan Dallangnol que, por sua vez, dirige a delação e as benesses de Leo Pinheiro contra Lula, para garantir a farsa do triplex do Guarujá.
"Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula", avisa Deltan, no mais recente vazamento, sobre a redução de pena do delator da OAS.
Isso! Não pode parecer que foi armação, sacanagem, crime.
E vem uma manada de babacas, noves fora os mentecaptos do bolsonarismo, pedir uma bomba, porque ainda está fraco.
Pelo que já foi revelado, era para essa gente estar toda na cadeia, eles sim, abrindo o bico para contar o que ganharam - e quem os pagou - para destruir a economia do País, tornar o Poder Judiciário um chiqueiro e transformar o Ministério Público de fiscal da lei numa mesa de pôquer de mafiosos.”
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 05/07/2019.