Coluna Crítica & Autocrítica - nº 165
Por Júlio Garcia**
*Sobre as contundentes revelações semanais em relação a Vaza Jato (que desnudaram a prepotência, as ilegalidades, arbitrariedades e parcialidade do ex-juiz Moro, em conluio com o procurador Dallagnol e Cia...), este escriba já colocava - na última Coluna, aqui neste jornal: “Independente do andamento das denúncias – e suas decorrências -, podemos dizer que “o Rei está nu”. E que “os olhos do Brasil e do Mundo” - graças ao The Intercept e demais veículos da mídia livre, principalmente -, acompanham atentos as novas revelações e cobram a apuração dos crimes que foram praticados no Brasil por esses sujeitos (com o objetivo de fraudar a vontade popular e destruir nossa frágil democracia, intento que, até agora, conseguiram realizar). Mas as coisas agora estão mudando...”
*Pois, sobre esse impactante – e importante - tema, o jornal “Brasil de Fato” (órgão com quem também colaboro, de periodicidade quinzenal) publicou, em sua última edição, importante Editorial que, pela relevância, socializo abaixo – para conhecimento e reflexão - com nossos prezados leitores:
"O que mais ele pode fazer?”
A pergunta acima é de Glenn Greenwald [jornalista do The Intercept]. “Ele”, na frase é o ex-juiz Sérgio Moro. A resposta, parece, é “nada”. A não ser que o hoje ministro resolva usar a força bruta contra quem, toda semana, põe a nu mais um pedaço da sua indecorosa nudez. O que não evitará que a lama do submundo da Lava-Jato continue escorrendo dia após dia. “Moro mentiu e sabe que temos as provas”, diz o jornalista de The Intercept Brasil. Está explicado.
Moro está condenado a ser supliciado como supliciou centenas de pessoas, aí incluídos inocentes, culpados, suspeitos, acusados, condenados e suas famílias. É o peixe fisgado que se debate no anzol. Que o pescador puxa, sujeita e concede linha. Para novamente puxá-lo. Incansavelmente.
Sendo verdadeiras, como aparentam ser, as trocas de mensagens com procuradores da República no Telegram, Moro construiu uma farsa. Sob as luzes, posava de paladino da justiça. Nas sombras, trabalhava para sabotá-la. A Lava-Jato custou a devastação da indústria nacional, a explosão do desemprego, a criminalização da política, o colapso da soberania e a ascensão do neofascismo. Tudo com a complacência das cortes superiores e a cumplicidade da mídia corporativa.
Moro aliou-se a uma das partes, a acusação, contra a defesa. Como um árbitro que, numa partida de futebol, discutisse táticas, jogadas e a escalação de jogadores com o técnico de uma das equipes visando prejudicar o adversário. E sempre posando de imparcial. Nos estádios, isto se chama “roubo”. E todas as torcidas sabem muito bem – e gritam – o nome de quem age assim. E ele – como Moro – nada pode fazer.”
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*Por fim, não posso deixar de registrar o seguinte: imaginem só o que a mídia conservadora (jornais, rádios, tvs e seus ‘satélites regionais’) estaria vociferando caso o sargento da Aeronáutica flagrado - e preso - com 39 quilos de cocaína em um dos aviões do Bolsonaro, na Espanha (fazia parte da comitiva que se deslocava para reunião do G20 em Osaka, no Japão), fosse pego durante uma viagem realizada pelo Presidente Lula num dos seus governos... A detenção do sargento da Aeronáutica, informa o Brasil de Fato, ganhou as páginas de diversos jornais ao redor do mundo.
*O britânico The Guardian destacou: "Aviador com delegação do Brasil no G20 é detido por tráfico de drogas”. Mas no Brasil.... passou ‘quase que batido’ pela mídia tradicional. Muitas perguntas ainda pairam sem respostas; sob todos os aspectos, a mídia trabalha mais uma vez com ‘dois pesos ... e duas medidas’ ... Lamentável.
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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 28/06/2019.