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Coluna Crítica & Autocrítica - nº 161


Por Júlio Garcia**


*Foi um verdadeiro Tsunami o que se verificou nesta já histórica quarta-feira, 15/05: numa demonstração cabal de que os “idiotas” e “imbecis” (além de entreguistas e lesa pátria) é que estão, infelizmente, alojados no governo federal (em suas várias esferas, assim como nos parlamentos e nos governos estaduais e municipais que lhe prestam apoio), estudantes, trabalhadores e populares (mais de 2 milhões de pessoas) foram às ruas e praças de todo o país manifestar seu repúdio ao desgoverno Bolsonaro - e mostraram que se abre um novo ciclo de lutas que só tende a crescer no próximo período. A propósito, a União Nacional dos Estudantes (UNE) já está chamando novas mobilizações para o próximo dia 30.


*A palavra-de-ordem central que mobilizou as multidões foi o repúdio contra os absurdos cortes na Educação e contra a antirreforma da Previdência articulados por esse desgoverno entreguista, mas não só isso: o “conjunto da obra” também foi criticado pelos manifestantes.


*Pela relevância, transcrevo a seguir artigo da consagrada jornalista Helena Chagas, do Blog Divergentes (que também repostei no Portal O Boqueirão Online, que edito) e que, não por acaso - traz por título “É a Educação, estúpido!”:


“A amplitude e capilaridade da mobilização contra os cortes de recursos das universidades, que agregou palavras de ordem diversas, surpreendeu até m esmo seus organizadores. Mal ou bem, pelos braços dos jovens, as ruas voltaram a se manifestar, com sinal à esquerda e num protesto contra um governo de direita que nem completou ainda cinco meses.Ninguém sabe como será o dia seguinte ao 15 de maio, e nem sequer se os protestos voltarão a se repetir.


Se tivesse um mínimo de competência política, o governo Bolsonaro trataria de demitir novamente seu ministro da Educação, recuaria nos cortes chamaria a turma para dialogar. Como não tem, dificilmente fará isso. Ao contrário, deve predominar a lógica do confronto, a preferida do presidente. Nesta quarta, o próprio Bolsonaro pode ter levado mais gente às ruas só chamar de "idiotas" e "imbecis" os manifestantes. Esse tipo de erro costuma ser fatal.


É muito provável, portanto, que o país esteja no limiar de um novo processo, que não sabemos ainda no que vai dar mas que certamente terá consequências. Por muitas razões, até pelo sinal político trocado, parece ser um movimento bem diferente do de 2013.


Mas é bom lembrar que em sua linha de frente estão os jovens, que apesar de terem ido protestar contra Bolsonaro, não simpatizam tanto assim com os atuais partidos políticos. Qualquer tentativa de apropriação do movimento pelos políticos tradicionais poderá ser mal recebida, e essa aproximação terá que ser feita com cuidado.


Acima de tudo, a bandeira da Educação e a dimensão do protesto vêm mostrar que, apesar dos pesares, nos últimos anos muito mais gente estudou e teve acesso ao ensino, inclusive universitário.É simbólico e importante que a ameaça a essa conquista – ainda que a Educação esteja longe de ter chegado a um grau satisfatório para todos os brasileiros – seja o fator responsável por uma possível inflexão política no país. Como diria um certo marqueteiro americano, se brasileiro fosse: ‘É a Educação, estúpido!’.”

...


**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Consultor, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 17/05/2019.

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