BIBO NUNES SHOW: AS MARACUTAIAS DO DEPUTADO FEDERAL E APRESENTADOR DE TV QUE RACHOU O PSL GAÚCHO
O PSL ERA SÓ mais um partido nanico de direita com uma representação irrisória no Congresso. Depois que foi alugado pelo bolsonarismo, virou o bunker oficial da extrema direita, abrindo espaço para as figuras mais bizarras da chamada nova política.
A sigla foi catapultada para o centro do debate político e rapidamente derreteu as ilusões de quem sonhava com uma renovação das práticas políticas. O que se vê é um amontoado de reacionários oportunistas que desprezam o jogo democrático — o qual chamam de velha política — e pisam fundo no acelerador da politicagem mais rasteira. Em pouco mais de três meses, os neófitos do PSL têm se destacado pela falta de projetos, pelos arranca-rabos e pelos esquemas de corrupção que criaram candidatos-laranja em vários estados.
No Rio Grande do Sul, o partido mal nasceu (era irrelevante antes de Bolsonaro) e já trocou de presidente duas vezes. Como é padrão no PSL, a escolha do primeiro presidente foi feita nas coxas. A ex-apresentadora de TV e empresária Carmen Flores “não sabia o que era o PSL” quando os então deputados Onyx Lorenzoni e Jair Bolsonaro “jogaram a presidência do partido no seu colo”. Dali pra frente foi só confusão. Carmen não viu problema em usar parte das verbas do fundo partidário para contratar sua filha e sua neta para trabalhar na campanha. Outra parte ela usou para mobiliar a sede do PSL-RS comprando móveis em uma loja da rede “Carmen Flores”, da qual é proprietária.
Em dezembro do ano passado, o vice-presidente do PSL gaúcho Bibo Nunes, que também ganhou fama como apresentador de TV no Rio Grande do Sul, atuou para derrubar sua amiga da presidência. Carmen perdeu força ao ficar de fora do Senado, enquanto Bibo foi eleito deputado federal. Ele passou a dizer em entrevistas que ela não seria mais presidente do partido em 2019. Carmen negou e disse ter o apoio do presidente do PSL nacional.
No fim do mês, Carmen não aguentou a pressão e decidiu se desfiliar do partido, alegando ter sido traída. “O PSL é pior do que muitos partidos”, disse Carmem à época. Bibo Nunes respondeu: “essa senhora está com problemas mentais há muito tempo”. As duas celebridades de TV, representantes da nova política, mal haviam estreado e já estavam se engalfinhando pela disputa do poder.
O PSL gaúcho, então, passou a ser presidido pelo Tenente Coronel Zucco, o deputado estadual mais votado do estado, enquanto Bibo Nunes se manteve como vice. Quando a crise no PSL nacional estourou, Bibo, sempre buscando protagonismo, subiu no púlpito da Câmara para acusar Bebianno. O ex-ministro e ex-presidente nacional do PSL teria ameaçado barrar a candidatura de Bibo e expulsá-lo do partido caso continuasse expondo as maracutaias de Carmen Flores.
Não satisfeito em derrubar a antiga presidente, Bibo Nunes passou a trabalhar para derrubar Zucco. Abriu guerra contra ele e iniciou lobby para tornar o deputado federal Nereu Crispim o novo presidente. Um áudio vazado deflagrou a crise. Nele, Bibo fala como se fosse dono do PSL e ataca o presidente e membros da direção:
"O Zucco tá fora, não é mais o presidente, tá fora. Ele, o Sanderson, todos, tão fora, foram expulsos. Não estão mais na executiva, tá? E eu vou tomar conta. Mas espera dois meses que eu vou tomar conta, vou botar o Nereu (Crispim) agora, depois eu vou ajeitar tudo. Esse palhaço do Zucco, aí, quem ele tá pensando que é? Zucco tá na rua. Sanderson também. Tão tudo fora, tá? Deixa que nós vamos ajeitar tudo isso aí, fica tranquilo. Te falei. Esses palhaços aí se deram mal, tão fora, desmoralizados.”
Zucco recorreu ao Conselho de Ética do partido para que Bibo fosse punido por quebra de decoro. Como o Conselho não se pronunciou, Zucco e a cúpula do PSL gaúcho renunciaram. A Executiva Nacional do partido decidiu que o novo presidente do partido no estado é Nereu Crispim, o nome desejado por Bibo Nunes [vice ficou o dep. fed. Marcelo Brum]. Crispim está no seu primeiro mandato e já tem um currículo de fazer inveja ao que eles chamam de “velha política”: é réu no TRE e corre sério risco de ter o mandato cassado por abuso de poder econômico, caixa 2 e captação ilícita de votos. (...)
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