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Coluna Crítica & Autocrítica - nº 150


Por Júlio Garcia**


* É quase unânime que – diferentemente do que ocorreu com o ex-Presidente Lula em 2003, que saiu consagrado e ovacionado - foi um verdadeiro fiasco a ida de Jair Bolsonaro e comitiva a Davos, na Suíça, para participar da reunião anual do Fórum Econômico Mundial. Sobre isso, Sylvie Kauffmann, diretora editorial e colunista do Le Monde, por exemplo, citou o “Fiasco de Bolsonaro em Davos, incapaz de responder concretamente às questões de Klaus Schwab. 15 min. de generalidades". Já para Heather Long, do The Washington Post, o discurso do brasileiro foi um “grande fracasso”. “O presidente brasileiro Bolsonaro falou por menos de 15 minutos. Grande fracasso. Ele tinha o mundo inteiro assistindo e sua melhor linha era dizer às pessoas para irem de férias ao Brasil. Bolsonaro é classificado como ‘Trump sul-americano’, mas ele parecia morno". Alguma surpresa?


* Mas isso não é nada se comparado com o que tem aparecido na imprensa nos últimos dias. É de espantar até mesmo aos jornalistas mais experientes que cobrem a área da política – e da polícia! – as revelações que vem sendo divulgadas sobre as investigações realizadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em relação às ações – e ligações – do clã Bolsonaro com lavagem de dinheiro, caixa dois e - pasmem! - com o crime organizado.


* A propósito disso, a Deputada Federal Maria do Rosário (PT/RS, foto) – que, aliás, está processando Jair Bolsonaro por incitação ao estupro ... além de outras barbaridades realizadas pelo atual presidente quando era deputado federal - escreveu recentemente contundente artigo que traz por título “Quem afinal defende bandidos?”, cujos principais tópicos reproduzo abaixo:


(...) “Em 1989 os eleitores que votaram em Collor como “O Caçador de Marajás”, descobriram que ele era o próprio, sentado no elefante não apenas de um mísero Fiat Elba, mas do esquema corrupto de PC Farias. Isso demorou dois anos e cinco meses.


Não demorou todo este tempo para que graves escândalos pululem deste governo. Com Bolso está sendo rápido. Quando achávamos que era o Queiroz com seus milhões em depósitos e mortes marcadas no cabo do revólver, muito mais coisa aparece. Enquanto lê-se que Queiroz samba na cabeça do eleitorado de Flávio e do chefe que deu nome ao clã, outra linha de investigação esbofeteia os ingênuos. E aí? O Brasil gigante acordou? Não. Para não ter visto quem eles são antes das eleições, as pessoas estiveram em uma espécie de transe sobre muitas coisas.


Mas os novos fatos impressionam até mesmo quem sabia da falta de caráter de uns e outros que foram citados nos últimos dias. Vamos aos fatos: menos de um mês após a posse presidencial, a investigação de um esquema de Flávio Bolsonaro, senador eleito, membro da cúpula do governo e como os demais herdeiros, um deslumbrado com o acesso ao poder, aponta o envolvimento do clã Bolsonaro com uma organização criminosa conhecida como “Escritório do Crime”. A ligação é comprovada com homenagens rendidas por Flávio, em seu mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, aos dois principais alvos da operação “Os Intocáveis”, suspeitos de envolvimento no covarde assassinato da vereadora, Marielle Franco (Psol-RJ), e de seu motorista, Anderson Gomes. Dizer que o envolvimento desse clã com milícias, assassinos e policiais corruptos não era algo que se tinha ideia, é falso. Mas nem nos piores pesadelos, onde a criatividade do horror se multiplica, a proximidade com pessoas ligadas de alguma forma à execução de Marielle, nos veio à mente. Sim, PMs que assassinaram a Juíza Patricia Acioly foram defendidos a época pelo clã. Sim, eles defendem a prática da tortura e estupro contra esquerdistas, feministas, comunistas, como na ditadura, e berram que querem “metralhar petistas”. E sim, seu discurso institui ódio contra defensores de direitos humanos. Mas estarem vinculados pessoalmente, de alguma forma, aos assassinos de Marielle? Isto dá um fim a todos. Quem vai defendê-los? Quem não admitirá que caiu na maior lorota do mundo? Os que diziam “bandido bom é bandido morto” entre olhares diziam, “menos os nossos, menos nós!”. E quem afinal defende bandidos? Não era Marielle, não é Freixo, Jean Wyllys, não sou eu. Defendemos o Estado de Direito e a Lei. E eles? Eles foram muito além de quebrarem as placas. Quebraram a cara de todos os que de boa-fé (porque existiram) lhes deram seu voto. Agora os eleitores que votaram em Bolsonaro como “Caçador de Bandidos”, estão atônitos e pensam sobre quem ele é realmente. Outros não se importaram com a identidade desde sempre revelada, do propagador do ódio contra mulheres, negros, índios, gays e estrangeiros, talvez porque acreditassem no mito. Os que acreditavam no “mito” descobriram que a palavra não é adequada: está mais próxima de uma simples fábula. A moral desta fábula? Se traduz na dica básica e primária da internet: não espalhe ou acredite em fake news. Você acabará contribuindo para dar poder ao sobrenome da corrupção e do crime. (...)”

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*Pois é, o estrago está feito... e é bem grande!!! Diz o ditado que “não adianta chorar o leite derramado”. Mas refletir, informar-se melhor... e fazer uma autocrítica de verdade – e com humildade! (os que se deixaram engambelar pelas notícias falsas contra Lula, Haddad e o PT nas últimas eleições e votaram no ex-capitão e no seu confuso e perigoso ‘time’) é o mínimo que esperamos. E quanto aqueles(as) que não se deixaram enganar, mas foram “derrotados” nestas eleições contaminadas pelas mentiras e caixa dois do grande capital, o caminho a ser seguido é continuar denunciando o que está ocorrendo no Brasil ... e fortalecer a Resistência organizada para resgatar o Estado de Direito e a Democracia. #Alutasegue!!!


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**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Poeta e Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 21/01/2019.


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