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A hipótese que explica o suposto esquema do ex-motorista de Bolsonaro


Jornal GGN* - A Folha de S. Paulo desta terça (11) fornece mais detalhes sobre as movimentações financeiras suspeitas feitas pelo ex-policial militar Fabrício Queiroz, que até outubro passado era assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, e também levanta uma hipótese para explicar o suposto esquema envolvendo o amigo da família presidencial.


Fabrício e outros 22 assessores são investigados pelo Ministério Público do Estado por movimentações "atípicas" - mas não necessariamente ilegais. Só em 2016, ele movimentou sozinho R$ 1,2 milhão, sem ter renda nem patrimônio compatíveis com estes valores, segundo análise do Coaf.


Um dos repasses feitos pelo ex-motorista de Flávio Bolsonaro teve como beneficiária Michelle Bolsonaro. Foram R$ 24 mil, que Jair Bolsonaro afirma ter sido parte do pagamento de um empréstimo que totaliza R$ 40 mil.


Segundo a Folha, há indícios robustos de que as transações feitas por Fabrício são típicas de quem usava a conta bancária como "conta de passagem".


Fabrício costumava depositar dinheiro na conta e pouco tempo depois realizava saques com valores muito próximos. A operação dificulta o acesso à origem e ao destino final do dinheiro.


De acordo com o diário, é possível que Fabrício tenha usado a conta para recolher parte do salário dos colegas de gabinete, o que configuraria esquema ilegal.


"Uma das hipóteses já levantadas é de que o policial militar fosse o responsável por recolher uma parcela dos salários de assessores do gabinete de Flávio Bolsonaro - sete aparecem no relatório transferindo recursos a Queiroz", escreveu a Folha.


"Essa é uma prática comum no Legislativo, embora ilegal. Os recursos arrecadados podem tanto servir para campanhas políticas como para entrega ao titular do gabinete, entre outras possibilidades."


Do total de R$ 1,2 milhão movimentado por Fabrício nesta conta, R$ 324 mil se referem a saques em agências bancárias e R$ 216 mil em depósitos em espécie. "(...) os demais valores são transferências identificadas, entre outras operações."


Ainda segundo o jornal, naquele ano averiguado pelo Coaf, foram 176 saques - uma média de 3 saques por semana.


Dos 176 saques, 50 foram de valores acima de R$ 2 mil. Um superou os R$ 10 mil e por isso o banco fez uma comunicação automática ao Coaf.


O Coaf identificou depósitos e saques em datas próximas e patamares semelhantes.


Por exemplo: entre 16 e 17 de fevereiro de 2016, Fabrício fez 3 saques de R$ 5 mil cada, totalizando R$ 15 mil. Entre os dias 15 e 17, 5 depósitos em espécie que somam R$ 15,3 mil foram feitos na conta.


"Em 35 dos 50 casos de retiradas acima de R$ 2.000, depósito acima do mesmo valor ocorreu até um dia antes --algumas vezes, no mesmo dia. Ampliando o intervalo entre o depósito e o saque para três dias, a sincronia se repete em 40 dos 50 maiores saques de Queiroz", diz a Folha.


Só em dezembro de 2016, ele fez 12 saques que somaram R$ 58 mil.


"Não há até o momento, contudo, qualquer indício sobre o destino do dinheiro sacado por Queiroz", ressaltou a Folha.


O caso dos assessores está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual. Cabe ao Ministério Público Federal investigar supostos envolvidos com foro privilegiado.


*Fonte: Jornal GGN

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