Coluna Crítica & Autocrítica - nº 145
Por Júlio Garcia **
*Com as escolhas já praticamente definidas dos ‘ministeriáveis et caverna’ do futuro governo Bolsonaro/Mourão, além de perplexos com os(a) escolhidos(a) ... e com suas ‘primeiras declarações’ (sic) e decisões, como a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém (uma provocação gratuita aos povos árabes e palestinos, para agradar Trump, se bem que não poderíamos esperar nada muito diferente de quem tem como guru o autodenominado ‘filósofo’ Olavo de Carvalho, ultradireitista completamente ‘fora-da-casinha’ e mal-educado, para dizer o mínimo), além de outras aberrações, resta-nos uma preocupação - cada vez mais crescente - com o futuro não só do nosso país, mas também da cambaleante democracia e, por conseguinte, do destino do próprio povo brasileiro.
Fatos esses que redobram a necessidade de refletirmos e organizarmos a luta para enfrentarmos o retrocesso - e o período sombrio e dantesco que teremos pela frente. Até porque ... resistindo, lutando... sempre existirá a possibilidade de vislumbrarmos ‘uma luz no fim do túnel’. Entendemos que esse é o caminho a ser seguido.
*Prezados(as) leitores(as): Para não sair do tema, do ‘Blog do Gilmar da Rosa’ http://blogdogilmardarosa.blogspot.com/ - amigo e companheiro de ideais – e de lutas! -, recolho e compartilho com vocês esta contundente postagem/testemunho/protesto/alerta que tem por título ‘Do Paraíso ao Inferno, da Plenitude ao Nada!’. E, creiam: ele não está exagerando. -Leiam a seguir:
“Vamos gastar alguns anos para compreender essa regressão estapafúrdia que o Brasil viveu nos últimos 4 anos. Não, isso não é uma divagação. É uma constatação.
Em 2014 éramos a 6ª economia do mundo, pleno emprego (4,8% de desempregados), reservas cambiais de 380 bilhões de dólares. O PT vencia pela quarta vez consecutiva uma eleição presidencial, não apenas isso, acenava com mais duas se Lula fosse candidato. Isso significaria no mínimo 24 anos no poder.
Por obvio que seria/foi demasiado para a direita entreguista conceber, aceitar que os pobres fizessem parte do orçamento; pior ainda, vendo que estariam alijados do poder por muitos anos. Deram o golpe jurídico/midiático, governamos apenas 13 anos dos 16 que teríamos por direito/vontade do voto popular.
Neste entremeio surgem movimentos patéticos de falso nacionalismo, defendiam apenas o direito de desmontar políticas públicas de inclusão social e protagonismo dos trabalhadores, jamais defenderam soberania nacional, ao contrário, são entreguistas. Foram financiados pelas forças mais conservadoras e reacionárias, de dentro e de fora do Brasil.
Coisas que serão constatadas no próximo governo, continuidade do golpe de 2015.
Em Janeiro viveremos algo inédito. Veremos a passagem de um governo golpista para um governo ditatorial, defensor da tortura e extinção das minorias. Se dará com a benção do judiciário tão golpista e ineficaz como o de 64, com a cumplicidade da grande mídia.
Quiçá teremos uma transferência do poder do golpe pra tortura num grande culto. Na aterradora e ímpia declaração de "Deus acima de tudo".
Observo o cenário futuro, também observo o comportamento ovino de alguns amigos/as nesta e outras redes. Alguns sovinas por natureza, outros apenas analfabetos funcionais, alguns iletrados e levianos. Absorveram o comportamento manada da burrice espraiada pelas fake news.
Ignorantes comuns, vítimas de suas próprias limitações.
Creiam-me, cheguei a perder amigos por defender "Direitos Humanos", fui chamado de ridículo e outras adjetivações. Sou militante por direitos desde minha adolescência estudantil, primeiro por eleições diretas, fim da ditadura, pelo direito a reuniões, manifestações, por liberdade de opinião, por humanos direitos, por todas liberdades.
Enfrentar a resistência a estas liberdades na minha velhice não é apenas uma regressão. É uma negativa a tudo que fiz na minha vida.
Jamais imaginei viver uma histeria coletiva do não saber, da renúncia de direitos por ignorância. Definitivamente, esta eleição foi o abrir de porteiras das trevas, da regressão e do inominável. Da mesma forma será o próximo governo que nos aguarda; tenhamos estômago para resistir ... e sanidade para rebater estes seres abjetos.”
*‘Poderia ser cálido?!!!’
...
**Júlio César Schmitt Garcia é Advogado, Pós-Graduado em Direito do Estado, Assessor Parlamentar, Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista) em 30/11/2018.