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Crítica & Autocrítica - nº 128



Por Júlio Garcia**


*Como um pálido raio de sol que surge em meio a tempestade, a decisão do STF (que, na verdade, não tinha outra alternativa, por absoluta inexistência de provas) de absolver a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), acusada levianamente de ter realizado supostas ‘irregularidades’ nas arrecadações relativas a última campanha eleitoral, mostrou que – apesar de todo o retrocesso que estamos vivenciado no nosso maltratado país – ‘o jogo ainda não acabou’. Aluta, portanto, segue: nas ruas, no parlamento, no judiciário...


*Conforme tenho denunciado neste espaço, lamentavelmente o Brasil está – notadamente após o golpe de 2016, com a parcialidade/seletividade evidente do judiciário, do MP, da PF e a decisiva participação da mídia conservadora partidarizada -, submetido a um verdadeiro Estado de Exceção.


*Com a democracia e a Constituição vilipendiadas, arbitrariedades de todo tipo e condenações sem provas não constituem mais novidades. Por isso, é importante saudarmos – após tantos reveses – a vitória judicial (e política!) obtida esta semana pela senadora Gleisi e seu esposo, o ex-Ministro Paulo Bernardo. Não é pouca coisa, convenhamos!


*Nesse sentido, reproduzo abaixo a carta enviada pelo presidente Lula a companheira Gleisi desde a sede da PF de Curitiba, onde ele encontra-se injustamente detido (preso político, como é sabido), mas que não abdicou de acreditar que a justiça – que, mais cedo, mais tarde, acabará se impondo (como esperamos ocorra em relação a ele próprio, através do sucesso do recurso impetrado por sua defesa, que está para ser julgado na próxima terça-feira, dia 26/06):


"Querida companheira Gleisi Hoffmann,


Recebi com muita alegria a notícia de que o STF, por unanimidade, declarou você e o companheiro Paulo Bernardo inocentes, perante as falsas acusações da Lava Jato e da Procuradoria Geral da República.


As mentiras dos delatores e dos procuradores eram tão evidentes que não havia outra decisão possível, apesar da imensa pressão da Rede Globo para condená-la.


Foram quase quatro anos de notícias falsas e parciais. Nunca levaram em conta os argumentos da defesa nem as contradições entre os depoimentos dos delatores, que mudavam de versão cada vez que suas mentiras eram derrubadas pelos fatos e pela investigação.


E você enfrentou toda essa pressão com a indignação dos inocentes e a coragem dos que lutam pela verdade e pela justiça. Você é forte, sempre esteve ao lado do povo, é a presidenta do Partido dos Trabalhadores. É por isso que eles tentaram te destruir numa farsa judicial.


No julgamento dessa terça-feira, sua defesa mostrou que a Lava Jato construiu uma denúncia falsa a partir de depoimentos negociados com criminosos, em troca de benefícios penais e até financeiros.


E pela primeira vez o STF reagiu claramente diante da indústria das delações em um caso concreto, desmoralizando o discurso e a prática da Lava Jato.


Sua absolvição, conquistada por unanimidade, diz muito sobre sua integridade e a reputação como pessoa honesta e líder na política.


Mais do que isso, foi uma importante vitória da democracia e do estado de direito sobre os que vêm tentando impor um regime de exceção contra o PT e as forças populares e democráticas mais expressivas do país.


E agora me pergunto: quem vai te pedir desculpas por quatro anos de acusações falsas, de manchetes nos jornais e na Rede Globo, que tanto sofrimento causaram a você, sua família, seus amigos e companheiros?


Nada espero dos que te acusaram falsamente. Mas tenho certeza de que o povo brasileiro saberá reconhecer seu exemplo de coragem e integridade para enfrentar a máquina de mentiras da Lava Jato e da TV Globo.


E assim, de vitória em vitória, vamos reconstruir este país e restaurar a esperança na democracia, na justiça e na igualdade.

Salve companheira Gleisi, salve companheira inocente!


A verdade sempre vencerá!


Um grande abraço do Lula"

...


*Esperamos, agora, que a Segunda Turma do STF não se intimide pela pressão dos golpistas – do tucano juiz Moro e da Globo, principalmente – e julgue o pedido de liberdade (efeito suspensivo da execução da pena enquanto os recursos não são julgados nas instâncias superiores) do presidente Lula com um mínimo de isenção. Que seja fundamentada a decisão pelo que consta nos autos – e não em ‘convicções’ tendenciosas e delações mentirosas articuladas por setores antipetistas do MP/PF com criminosos confessos. A ver....

...


**Advogado, Assessor Parlamentar, Midioativista. Foi um dos fundadores do PT e da CUT. - Publicado originalmente no Jornal A Folha (do qual é Colunista), em 22/06/2018.

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E.T.: A Coluna acima foi escrita ANTES da 'tabela' feita ontem pelo TRF-4 com o min. Fachin, do STF, que resultou na recusa do pedido da defesa do ex-presidente Lula, que seria julgado na próxima terça-feira. -O golpe segue. Alguma surpresa?!!!

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