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O mito militar patriótico: o Golpe dentro do Golpe



"O caso Morel / O crime da mala / Coroa-Brastel / O escândalo das jóias / E o contrabando / E um bando de gente / Importante envolvida / Juram que não / Torturam ninguém / Agem assim / Pro seu próprio bem…"


Por Luciano Lima*


Uma força militar imbatível, não sujeita aos percalços das diferenças sociais e econômicas, que irrompa o pântano da confusão política, o domínio da corrupção, o não funcionamento dos serviços públicos e restabeleça a ordem pública defendendo nossa nacionalidade. Esse é o sonho mitológico que boa parte da classe média e que alguns militares, por oportunismo, acalentam e incentivam.


Mas tal modelo é puro mito, é totalmente irreal. O governo militar foi permeado pela corrupção, basta lembrar os exemplos da pueril canção do RPM citada em epígrafe, ou ainda, de forma emblemática recordar que o candidato dos militares no Colégio Eleitoral de 1985 foi nada menos que Paulo Maluf.


Ordem é tudo o que não ocorre em uma ditadura, a restrição as liberdades geram sempre confusão, embates violentos, prisões, torturas e assassinatos.


Ainda mais falsa, infelizmente, é a ideia patriótica de nosso Exército. As Forças Armadas brasileiras, com exceções em seu interior, espero, hegemonicamente nunca foram nacionalistas, ao contrário de sua propaganda, sempre foram pró-imperialista, atuando historicamente para manter o papel subalterno do Brasil na geopolítica mundial. Um erro dos governos Lula e Dilma foi não buscarem realizar uma reforma nas Forças Armadas, transformando-as em elemento verdadeiramente estratégico do projeto nacional soberano, o que certamente teria apoio de muitos militares.


Confirmando o caráter mitológico do nacionalismo das Forças Armadas, é justamente como forma de garantir a execução da retomada do programa neoliberal de liquidação do patrimônio nacional, de restrição de direitos sociais e de subordinação do Brasil aos ditames do imperialismo financeiro, que surge os rumores de uma intervenção militar, já que os golpistas não conseguem completar o serviço, os militares completariam, seria o Golpe dentro do Golpe. Afinal, somente sob forte repressão aos trabalhadores se pode levar adiante tal agenda. O que também comprova que neoliberalismo e democracia não combinam.


Aos que prezam a democracia não cabe ficar especulando se é possível ou não um golpe militar, se há ou não ambiente. É preciso afirmar, manifestar e mobilizar desde de já a contraposição a esse movimento que rasteja nas quadras políticas do país. Não ao golpe militar!

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*Luciano Lima é presidente do PT/Pelotas. (via Sul21)


**Charge do Henfil, de 1980. Nota do Editor: Qualquer semelhança com o que ocorre hoje NÃO é mera coincidência! - Edição final deste Portal.

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