O general da “intervenção” vai para a geladeira?
Por Fernando Brito* - Os jornais trazem reportagens sobre as declarações do general Antonio Mourão de que “companheiros do Alto Comando do Exército” entendem que uma “intervenção militar” poderá ser adotada se o Judiciário “não solucionar o problema político”, em referência à corrupção de políticos.
Não é coisa a se atribuir maior importância, exceto dentro do próprio Exército, pela evidente quebra de hierarquia e disciplina mas, principalmente, por ter usurpado a palavra do mais alto órgão do Exército Brasileiro, onde ele é apenas um dos 14 integrantes.
Mourão, exonerado de um dos mais fortes comandos do Exército, o Sul, foi convertido ano passado em “general sem tropa” pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, ao transferi-lo para a burocrática Secretaria de Economia e Finanças.
É por isso que resolveu falar com a “cobertura” de uma reunião da maçonaria.
Neste momento julga-se se ele deve ser ignorado ou receber nova punição, necessária do ponto-de-vista disciplinar, mas que tem o inconveniente de torná-lo líder do “movimento dos sem juízo”.
O mais provável é que o coloquem “no freezer”.
Os oficiais generais do Exército, salvo uma meia-dúzia de “brucutus”, são homens inteligentes e que passaram anos estudando, entre outras coisas, geopolítica. Sabem perfeitamente que uma intervenção militar não apenas “racharia” a Força como acarretaria o imediato isolamento do Brasil no mundo., que vive um contexto completamente diferente do período da “Guerra Fria”.
Governos militares só são possíveis, hoje – e olhe lá – em pequenos países, sem importância no cenário mundial, jamais num gigante como o Brasil.
A ameaça de ditadura que o Brasil vive hoje não é a militar, é a judicial.
*Jornalista, Editor do Tijolaço (fonte desta postagem).
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Nota do Portal: Segundo matéria divulgada ontem no jornal Correio Brasileinse - que traz como manchete "General fala em intervenção militar e é criticado por Forças Armadas", o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, foi enfático e disse que "não há qualquer possibilidade" de intervenção militar.
"Desde 1985 não somos responsáveis por turbulência na vida nacional e assim vai prosseguir. Além disso, o emprego nosso será sempre por iniciativa de um dos Poderes", afirmou Villas Bôas, acrescentando que a Força defende "a manutenção da democracia, a preservação da Constituição, além da proteção das instituições". Depois de salientar que "internamente já foi conversado e o problema está superado", o comandante do Exército insistiu que qualquer emprego de Forças Armadas será por iniciativa de um dos Poderes.